Foto de dois cães cuidando de amigo atropelado emociona cidade em Santa Catarina
Inspiração Animal
Fotos divulgadas pela Guarda Municipal de Trânsito emocionou os moradores de Blumenau, Santa Catarina.
Nela aparecem três cachorros, um deles tinha acabado de ser atropelado. Os outros dois estavam ali para protegê-lo.
“Os dois não deixaram o companheiro até a nossa chegada, para resgate”, contou um dos guardas que atendeu à ocorrência.
“Estavam acolhendo o companheiro”, acrescentou.
O caso foi registrado na rua 1o. De Janeiro, no Itoupava Norte, e o veículo que atropelou o cão não parou para prestar socorro.
O cãozinho foi levado para o Centro de Prevenção e Recuperação de Animais Domésticas (Copread).
Aparentemente, os cães foram abandonados e vivem nas ruas da cidade.
O abandono de animais é um problema que preocupa autoridades sanitárias e entidades de defesa dos animais.
O Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo publicou um texto em que atribui à Organização Mundial de Saúde a estimativa de que existem 30 milhões de cães e gatos abandonados no Brasil.
A entidade defende medidas para solucionar o problema.
Segundo o presidente da Comissão de Políticas Públicas do CRMV-SP, Carlos Augusto Donini, “o debate e a solução efetiva desses desafios devem envolver população, órgãos públicos, universidades e ONGs”.
As soluções apontam em quatro direções:
● A consolidação e atualização dos dados que norteiam os programas de controle;
● A identificação (classificação) e localização dos animais ditos abandonados (uma vez que são confundidos com os “semidomiciliados”, que vagam pelas ruas, mas tem proprietários);
● A atitude de negligência e irresponsabilidade de indivíduos que não mantém a guarda adequada e segura de seus animais;
● Ausência de uma efetiva política pública integrativa, consorciada e participativa sobre Proteção e Saúde Animal.
Atualmente os focos de combate a esse problema concentram-se quase que unicamente nas castrações e vacinações.
“Há muito por fazer. Essas ações isoladas não são eficazes a médio e longo prazos. Sem um programa completo e continuo sistematizado não haverá avanços significativos”, pondera o médico-veterinário.
Os reflexos para a população
Além dos problemas sofridos pelos próprios animais de rua, a população também pode ser afetada.
Segundo a presidente da Comissão de Saúde Pública do CRMV-SP, Adriana Vieira, o contato direto com esses animais pode expor o indivíduo a riscos elevados de zoonoses, ou seja, de doenças que são transmissíveis aos seres humanos.
“Outro risco é desse animal, estando arredio, acabar atacando. Sem falar de outros agravos ao ser humano como, por exemplo, os acidentes de trânsito, quando o motorista tenta desviar de um animal”, comenta.
Segundo o CRMV, é recomendável à população entrar em contato com prefeitura para verificar se há algum serviço responsável pelo recolhimento ou cuidados com esses animais.
Animais de rua e os animais silvestres Além do contato com os seres humanos, os cães e gatos também se relacionam com os animais silvestres, localizados em parques e áreas de florestas urbanas. E as consequências deste encontro são prejudiciais a ambos os lados na maioria das vezes.
“Quando os animais de rua acabam entrando nas áreas verdes e parques naturais, onde vivem os animais silvestres, eles predam a fauna. Ou seja, comem as espécies. Os gatos, por exemplo, comem muitas aves. Já os cães atacam veados, ouriços, macacos, entre outras espécies que vivem na área urbana”, afirma o presidente da Comissão de Médicos-Veterinários de Animais Selvagens do CRMVSP, Marcello Nardi.
Além da predação, que também pode ser inverso (ou seja, animais selvagens que atacam os animais domésticos), outro risco gerado pela população de animais de rua é a transmissão de doenças como, por exemplo, a cinomose, a parvovirose e a sarna.
“Já vimos casos de cinomose em cachorro do mato, em quati; sarna de cão em cachorro-vinagre; sarna notoédrica (comum em gatos) em gambás”, exemplifica o Dr. Nardi.
Enquanto os humanos não adotam políticas públicas para enfrentar o problema, os animais se defendem como podem. É o caso de Blumenau, em que os dois não abandonaram o companheiro.
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Os animais amam de uma maneira, que parece que nós humanos ainda não aprendemos. (MárciaSchmian)